sexta-feira, 3 de abril de 2015

Depoimento de aprovado

Hum, por onde começar?
Foi difícil, mas depois de muito tempo prometendo pro amigo Carlos, eu consegui finalmente escrever algo que eu gostasse, entre aspas, e que eu achasse de algum apreço para você ler!
Hoje, eu concluo esse texto da ilha de Florianópolis, mas como todo ‘manézin’ chama: Ilha da magia. Estou cursando a primeira fase do curso de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, a melhor do sul do mundo como aprendi nesse pouco tempo aqui!
Meu nome é Plínio, tenho atualmente 20 anos (quase 21 no próximo dia 7 de maio), sou gaúcho, nascido no pequeno município de Jaguari, com cerca de 10mil pessoas, mais ou menos umas 4mil na zona urbana! Porém, até ano passado morava na cidade de Santa Maria, no mesmo estado – Rio Grande do Sul, onde cheguei a cursar Engenharia Mecânica durante 2 anos. O por quê estou falando tudo isso? Logo explico.
Com 13 anos de idade, eu, da geração dos primos do meio da minha família materna, comecei a ver todos meus demais primos entrarem na faculdade. Cursos como Odontologia, Engenharia, Direito e por aí vai, eram os preferidos dos meus primos e primas mais velhos – minha família é muuuuuuito grande. Foi mais ou menos nessa época que eu comecei a pensar no que eu faria da minha vida, vendo que todos já mais velhos tomavam seu rumo e eu logo teria que fazer o mesmo. Isso é algo que sempre achei uma qualidade e um defeito em mim. Sempre fui precoce pra tentar tomar decisões futuras e permanentes para minha vida. Penso demais eu digo.
O meu primeiro passo foi tentar ir evoluindo aos poucos, dentro de onde eu podia. Na oitava série do fundamental, eu prestei prova para ingresso no CEFET da cidade de São Vicente do Sul, vizinha da minha cidade natal, menor, porém com um colégio muito superior a qualquer outro da região. Entrei tirando segundo lugar geral naquele ano, o que já alegrou muito os ânimos da minha família. Foi aí que começou a novela que seria o caminho para o vestibular.
Como todo bom gaúcho do interior, o sonho que a gente deve cultivar, e a família da gente faz com que ele seja o que mais almejemos, é passar na Universidade Federal de Santa Maria, vulga UFSM (você não fala UFISMI, por favor). Melhor universidade do interior, numa cidade relativamente grande (veja que o comparativo é a gigante Jaguari com seus 10mil hab.), mas o que mais importa aqui é que é numa federal. Quando eu estava no primeiro ano do ensino médio, ainda existia (e ainda existe, porém com nome diferente) o vestibular seriado da UFSM, o antigo PEIES. Nesse tipo de programa, com todo e outro qualquer vestibular seriado, tu faz durante os três anos do ensino médio, uma prova que é somatória do nivelamento dos conhecimentos relativos daquele ano, que equivale ao que é o vestibular tradicional, a vantagem se encontra no caso de poder fazer muito menos questões estudar muito menos que o concorrente do processo único. Essa era a mão na roda para o garoto do interior, em uma cidade onde não existia cursinho. Esse é outro ponto pertinente: cursinho.
Todos os meus demais primos não haviam o feito. Claro, que desses todos somente um estudava na UFSM, fazia Engenharia Química. Os demais passaram em particulares. Não que eu desmereça, mas as notas das particulares de Santa Maria em relação ao vestibular da federal são sofríveis e incomparáveis. “Bueno”. Eu tinha uma cobrança incrível da família, ainda nessa época meus pais eram casados, em passar na UFSM (em especial) sem cursinho e no curso que eu quisesse (ainda que eles me botassem uma pressão pra área da Engenharia, em especial minha mãe). Por quê passar sem cursinho? “Porque todos os teus primos conseguiram, então tu também vai conseguir”. Essa era a resposta de sempre. Comparativos. É aqui que eu entro dentro do que eu sempre bato em cima: pressão familiar. A família tem o dom de nos apoiar, de ser base e suporte emocional e financeiro nessa fase, mas também tem o karma de muitas vezes ser um dos piores inimigos e também dos maiores negativadores que podemos enfrentar num percurso que é o vestibular e até mesmo a própria vida. Se você já ouviu a história da minha tia que falou que eu não passaria, não por ser burro, mas porque eu não seria merecedor, você sabe bem o que eu penso a respeito desse tipo de ‘família’.
Cobrança demasiada nunca nos faz bem, comparativos tampouco. Nós somos únicos e incomparáveis, isso que nos torna especiais e suficientes para alcançarmos os nossos sonhos e objetivos. Ser igual e estar dentro do padrão não nos faz melhores, mas sim médios. A nossa habilidade e poder de estar contornando qualquer obstáculo vem exatamente das nossas diferenças pessoais, não de nossas semelhanças em grupo. Nossa família pode nos cobrar, e com certeza vai, até porque os pais tem essa necessidade ao ver os seus investimentos, não apenas financeiros, serem usados. O equilíbrio deve ser alcançado, pontes e âncoras devem ser buscadas, mas disso eu vou falar mais adiante.
Enfim. Quando a gente chegava no terceiro ano do ensino médio, durante a inscrição do último PEIES deveríamos optar pela escolha de um curso. “Ai meu Deus do céu, que porra eu quero ser pra todo resto da minha vida?”
Essa pergunta é interessante. Quando eu escolhi medicina? Sinceramente, não me recordo. Podia ser piegas de falar que era durante a minha infância e blablabla, ou então ser zuero como sempre fui e dizer que queria brincar de médico por aí, mas na verdade eu cheguei no terceiro ano cheio de dúvidas. A média do brasileiro escolher o que quer realmente fazer para o resto de sua vida, e nisso não entra só a escolha da graduação, é mais ou menos pelos 26 anos de idade. Como esperam que um piá de merda, aos 17 anos de idade, escolha o que quer fazer para o resto da sua vida? Olha a pressão que é isso. Eu estava em muita dúvida, entre várias coisas, desde Direito, Engenharia, Medicina e até já tinha pensado em Física e Biologia Marinha! Vocês devem achar que eu sou louco, e eu sou mesmo, mas não muda o fato de que a idade que eu tinha não condizia com a escolha que eu deveria tomar.
Eu já via a medicina como algo que eu gostaria de passar a minha vida, desde a época que eu convivia com meu avô doente nas alas do hospital universitário da UFSM, onde ele veio a falecer de hepatite em 2007. Mas, eu também era muito ligado, e não deixo de ser ainda, da parte das exatas, e a engenharia era o que eu mais me identificava desde novo, pois meu pai era mecânico. Ó dúvida cruel. Resolvi ponderar. Passar para medicina naquela época era tão difícil quanto hoje. E, apesar de estudar em uma escola federal em turno integral, ao contrário do que vocês podem pensar, existiam muitas mazelas naquela instituição. Greves, falta de professores qualidades e principalmente dispostos a darem aula… Então, além de estudar dois turnos, e no terceiro até três por causa do ensino técnico, eu pouco tempo tinha por fora para me preparar para o purgatório, digo vestibular. Tomei uma escolha consciente. Me inscrevi para o vestibular seriado em Engenharia Mecânica, pois sabia que se mantivesse minha pontuação passaria. Já no vestibular único, que também podia ser feito após o seriado, resolvi ousar e tentar Medicina. Quando tu realizavas os dois vestibulares, cada um no seu tempo, logo depois tu deveria optar por qual redação fazer, se do seriado ou único. Como eu percebi que não somaria pontos para passar em medicina, optei pelo seriado e passei em Engenharia Mecânica na UFSM, sem cursinho. Aí está o meu primeiro grande tropeço. Tropeço por quê? Não passou sem cursinho num curso concorrido? Pois é, passei, mas a que preço?
Bom, naquela época eu ainda não sabia ao certo o que fazer, mas confesso que ter o nome estampado numa faixa, estar pintado com tinta guachê e esmalte e ser o centro das atenções, além do orgulho dos pais, era um sentimento que mascarava e muito bem a incerteza da minha escolha.
E começou para mim o ano de 2011. O ano da minha vida. Me mudar para uma cidade de quase 300mil habitantes, centro cultural, lar de militares e universitários, mas sobretudo morar sozinho, era algo que me deslumbrava muito, até vir o curso. Passadas primeiras semanas, trotes, etc, comecei a conviver com a realidade da engenharia, e principalmente, algo que me ajudou muito com a futura aprovação em medicina: a realidade do ensino superior brasileiro. Eu já tinha experimentado a média 7 desde o ensino médio federal, porém era diferente, era escola e não universidade. Na engenharia especialmente, tu descobre que ser o melhor da turma, como eu era, não adianta de porcaria nenhuma. Na prova sempre vai cair algo mais do que o visto em aula, e adianto, sempre vai ter alguém melhor que você, pelo menos em tese. Nunca vou esquecer da minha primeira prova de Cálculo A. Fui um dos primeiros a entregar a prova, sai com sorriso amarelo e um tanto quanto exibido no rosto. Uma semana depois o resultado: 4,5. Por 0,5 décimos eu não estava em exame, mas quase tinha conseguido perder um pedaço das férias já na primeira prova do semestre. É amigos, a vida é cruel, e como meu professor de Física I dizia: A Engenharia é o carrasco. Esses primeiros tombos na faculdade me serviram para perceber uma coisa: Eu era inteligente (não tô escrevendo um texto pra ser modesto galera), porém eu não era estudioso. Durante o meu ensino médio eu aparecia nas aulas, copiava alguma coisa, fazia, mas era antenado, até porque os professores eram mais presentes e didáticos que na faculdade, então isso refletia nas minhas notas. Já na faculdade… bom, tinham professores que nem davam as caras na aula. Outros que davam aula por livros com problemas em cruzados e com hino nacional brasileiro e um símbolo ditatorial no verso. Isso refletiu muito. Nunca havia pego um exame e recuperação na escola, porém quando cheguei na universidade peguei um logo de cara: Física I. E olha que eu sempre fui apaixonado por física. Até chegar no ensino superior, é claro. Já no segundo semestre, eu encontrei minha grande inimiga da vida: Álgebra Linear, a única disciplina que eu consegui repetir, até por omissão e ‘opção’ minha. Bom. A faculdade aos poucos foi me ensinando a estudar, a ser autodidata, o que é fundamental para passar num curso concorrido como medicina. Além do que, me colocou e me inseriu dentro do ambiente acadêmico, algo que me transformou e me deu outra visão. Algo que pode me proporcionar futuramente a ideia de que era possível passar numa federal, que se eu já havia feito uma vez, e sem cursinho, eu poderia fazer de novo, mesmo que pra medicina.
Então, chegou o terceiro semestre. Eu era veterano, tinha meus bixos/calouros e poderia devolver na mesma moeda o que eu havia passado na mão dos meus mentores mais velhos. Só que o terceiro semestre da Engenharia Mecânica, em especial na UFSM, é chamado como divisor de águas. Normalmente numa turma de engenharia entram cerca de 40 alunos. O usual é que desses 40, no final dos dez semestres, formem-se no máximo 10. E a desistência, ou arrego como é chamado, começava sempre na terceira fase. Uma carga horária brutal, somada com disciplinas horríveis e professores jurássicos e tenebrosos, propiciam que tu chegue na vontade de querer se matar ou se perguntar o por quê de estar naquele inferno. E ISSO FOI FUNDAMENTAL PARA MIM NAQUELE ANO! Eu nunca vou esquecer. Era uma manhã de maio, logo depois do meu aniversário, no período que antecedeu a grande greve das universidades de 2012. Eu acordei e simplesmente pensei: Que porra eu tô fazendo da minha vida? Sabe o que é não ter mais vontade de sair da cama pra ir estudar? Pois é, estava nisso. Passei cerca de duas semanas sem ir a aula por causa disso. Eram momentos que eu pensava o que estava fazendo da minha vida, se eu estava fazendo o que eu queria, se eu estava fazendo o certo e ainda por cima se eu estava fazendo o melhor para mim. Bom, depois dessas duas semanas, eu fui fazer uma prova, só fui mesmo, de volta na UFSM. Na volta, voltava com uma veterana minha no ônibus e fui conversando. Ela me contou que iria abandonar o curso pra tentar medicina, porque era o que sempre sonhava e não aguentava mais aquilo, por isso estava caindo fora. Aquela viagem de ônibus, hoje, faz mais ou menos dois anos e eu ainda lembro de cada detalhe dela. Quando eu desci no meu ponto, antes do dela, eu fui caminhando os 500m restantes para a casa com um flashback da minha mente. Por quê eu não havia seguido tentando medicina? Por quê?
Era o dia do aniversário do meu pai, 28 de maio, e eu estava na Universidade, apenas de corpo presente mesmo. Estava me dirigindo para sala de aula quando de repente chegamos lá e estava fechada. Tinha sido deflagrada greve nacional dos professores. Liguei para meu pai para dar parabéns e falar que não teríamos mais aula (ah e também para falar que apareceria na televisão, pois tinha dado entrevista sobre a greve). Naquele momento entretanto, algo na minha mente piscou e saiu pela boca: “Pai eu quero largar a faculdade”. Imagine a reação do meu velho. Temos o mesmo nome. Ele é mecânico, nunca estudou e sempre encheu o peito para falar que tinha orgulho de mim. Recém ele e a minha mãe haviam se separado de um casamento que há anos não dava certo, e a situação financeira já começava a apertar. Ele falou que estava atendendo e que iria mais tarde me ligar para conversarmos. Aquele dia foi o dia D para hoje eu estar aqui escrevendo esse texto.
Eu finalmente tomei iniciativa. Sairia da mesmice, pararia de engolir aquele curso sem sabor a contragosto e iria poder correr atrás de algo que eu queria. Qual foi a minha primeira iniciativa? Bom, todos sabem que eu já disse pensar muito adiante. Então larguei tudo pro ar e fui pro centro da cidade e comecei a bater de porta em porta aonde? Nos cursinhos. Era maio, quase junho, as turmas semestrais estavam se encaminhando pro fim e eu queria começar a estudar de uma vez. Vi que uma turma num cursinho, havia começado fazia pouco, no dia do meu aniversário e eu só me atrasaria um pouco se iniciasse o quanto antes os estudos. Sempre fui um afobado na vida. O problema era o dinheiro. Apesar de em Santa Maria, cursinhos ainda serem muito mais baratos que em qualquer outro lugar, eu ainda pagava aluguel e passava por um momento financeiro conturbado em casa. Então, precisava de algo que viesse a calhar no tempo e no dinheiro, e consegui. A turma Semi-Extensiva Maio Manhã do Totem Vestibulares. Era um semestral que começava em maio, com uma revisão de um mês antes do vestibular da UFSM em dezembro. Só teve um problema. Naquele mesmo final de semana eu tive que voltar pra casa, pra a minha presença física convencer meus pais a me dar liberdade de tentar isso. Até que não foi tão difícil, só me deram uma condição: Não largue da faculdade agora. O por quê? Bom, minha mãe em especial, achava que essa minha decisão era fogo de palha, em especial pelo momento no curso e também pelo o que o meu primo já formado em Engenharia disse a ela: que todos pensam em desistir uma hora. Ela achava que se eu me mantivesse no curso isso faria eu ver que não queria largá-lo. Bom, eu tive que abrir mão de ter mais tempo livre pra estudar, mas pelo menos eu teria uma chance. Eu levei faculdade e cursinho por quanto eu pude junto. Foi um inferno na Terra. No final do ano eu tinha que escolher entre estudar pra exame ou fazer revisão pra prova do vestibular. Isso foi horrível, e acredito que além da inexperiência e arrogância minha ainda, principalmente o último, foi ftor para aquele ano eu não passar no vestibular. E dói. A UFSM em especial é muito filha da puta quando o assunto é isso. Eles divulgam o listão de aprovados previamente por rádio, antes de publicarem a listagem oficial no site. ISSO É ALGO QUE TE DEIXA NUMA TENSÃO DE FINAL DE COPA DO MUNDO. E dói, quando tu não ouve teu nome. Dói de chorar, o que eu fiz. É foi um tombo grande, um coice nas pernas. Mas eu tinha minhas desculpas a mim mesmo, apesar de isso não ajudar em nada. Eu era arrogante e prepotente. Me achava superior no cursinho por já ter entrado na faculdade. Mal sabia eu que eu estava no mesmo nível de qualquer um. Isso foi um erro que eu paguei e caro.
Foi difícil. O que fazer agora? Bom. Por muito pouco eu não passei na verdade. Não fui mal. Consegui 27ª suplência naquele ano. O que para meus pais, valeria o investimento de agora fazer um ano de cursinho, numa turma anual com ênfase para medicina, mesmo não sendo a melhor das turmas do cursinho. Porém, agora eu baixei uma condição que consegui: eu não iria fazer nada de faculdade, iria me dedicar exclusivamente a passar para medicina. Quais foram meus argumentos? Do que adiantaria eu ficar estudando engenharia se eu acabasse passando em medicina? Iria ajudar de algo saber realizar uma transformação de la place em equação diferencial ordinária de terceira ordem na hora de operar um indivíduo de apendicite? Não. Meus pais abriram os olhos finalmente. Fui para o curso do Anual Med Premium, ainda no Totem Vestibulares, por já ter realizado ali e também pelo preço que era ainda o mais acessível. Há, claro, os professores do Totem, são conhecidos na cidade por terem o espírito de presença e carinho com os alunos que é ímpar!
Só que aí tá outra coisa que eu fiz que foi muito tensa! Eu não tive férias. Não porque eu não tive, mas porque eu não me dei. Durante as férias eu comecei a ler os livros de leitura obrigatória da UFSM e também a estudar antes. Loucura? É alguns diriam que sim, mas isso me ajudou muito a ter tempo durante o ano, até porque os livros da UFSM são 15.
Só que agora em 2013, eu tinha me prometido que faria diferente.
Prometi a mim mesmo que não iria pilhar para viver apenas de estudos e que tentaria ao máximo aproveitar o tempo livre, mas claro sem deixar de estudar. Faria festa e beberia umas sempre que possível, mas dentro da moderação, porque acreditem que um porre além de matar um período de estudos, ainda te tira mais concentração para os dias posteriores a ele. Prometi que iria fazer diferente, que tentaria ser mais zen, diferente do ano passado onde eu era viciado em pó de guaraná e remédio pra dormir (acreditem).
Bom, começaram as aulas. Pau e pau, era aula manhã e tarde e eu ainda era fominha: fui no primeiro dia de aula já na sala de estudos em busca de monitoria e plantão. Nunca vou esquecer que a guria bolsista do cursinho que cuidava lá do local falou no último dia de aula que eu fui o primeiro a entrar e o último a sair da sala no ano inteiro. Mas claro, precisava de uma festa. Algo que eu sempre digo e reflito a todos é que A NOSSA SAÚDE MENTAL VEM MUITO ANTES QUE NOSSA SAÚDE FÍSICA. E vem mesmo. Ter a cabeça arejada é fundamental para estudar e estar de bem com a vida, não ser mal comido, mal humorado e idiota, principalmente. Falei para mim mesmo que tentaria ir me acalmando e procuraria me aproximar de alguém que tivesse o mesmo objetivo que eu, alguém que eu pudesse me apoiar e também apoiá-la, dar suporte, uma âncora, um amor, minha namorada. E consegui. Tínhamos o mesmo sonho e objetivo, medicina. Isso foi pedra base pra minha aprovação, até porque depois falarei uma curiosidade sobre isso.
Bom, acho que aqui vou sanar uma dúvida bem clara sobre o meu método de estudo. E lá vai. Eu comecei dando gás no começo, um sprint de largada, porém havia percebido que a maioria da galera desanima na metade e chega no final exausto, então dei uma diminuída no meio, no período de junho-agosto, pra depois em setembro voltar a gradualmente dar mais um gás até dezembro, sprint de chegada. Por quê isso? Bom, como eu falei é fundamental tá sempre com a cabeça em ordem, e ninguém, eu digo e reitero, ninguém, vive de estudo. Sério. Não tem como estudar todos os dias, todos os períodos do ano com o mesmo ritmo sem sair da casinha e querer subir um edifício pelado. Não dá. Se você consegue, meus parabéns, só que eu não conseguia e acho que a maioria também. O mundo tá cheio de coisa pra tirar a atenção da gente e fazer a gente procrastinar (o que me lembra que agora eu deveria estar estudando pra uma prova punk de Embriologia, mas eu quero que vocês vejam que eu amo vocês <3). Não dá pra negar que tu tem que ser muito policial da própria rotina e cabeça pra não cair nas armadilhas que a vida te proporciona pra perder o foco. Mas eu não era otário, então eu deixava cair, entre aspas, porque eu tentava me controlar. Nunca deixei de ver as minhas 7 séries preferidas, de sair beber, de comer pizza com os amigos, de jogar um futebol, de rir e ficar horas falando bobagem no Projeto Medicina (onde provavelmente você tenha ouvido falar de mim). Não mesmo, não sou hipócrita, tinha períodos que eu não estudava mesmo, mas tentava ao máximo manter o mínimo possível. Como eu já falei, eu nunca fui estudioso, mas ao máximo eu tentava.
Bom, reiterando. Meu método era baseado em basicamente duas coisas. Resumos ráṕidos das aulas (quando eu ia e logo vou explicar isso) em post-it’s que eu colava nas apostilas. Em resumos base de fórmulas e equações das exatas. Mas sobretudo, em algo que eu aprendi no PM: Cartazes. Cara, nada melhor que poder achar rapidamente na parede do teu quarto um belo cartaz autoexplicativo de algo que tu precisa, desde português até física. Ajuda e muito. Eu não passava matéria de novo a limpo, até por questão de tempo. Eu preferia fazer exercicios, e aí é a minha DICA DE OURO. A repetição nos leva ao aperfeiçoamento. Preparar-se para a prova que almeja é fundamental. Conhecê-la de cabo a rabo milimetricamente para na hora chegar e não tomar sustos é essencial para uma aprovação. Então, antes do que estudar exercícios são o método mais eficaz, na minha opinião, para se lograr uma aprovação. O exercício ensina. Mesmo quando tu não sabe que porra tá fazendo. Algo que eu adorava fazer era colar. Sim, colar. Quando eu não sabia a resposta eu ia olhar o gabarito e pensava o porque daquela resposta. E isso serve até para as exatas! A partir da resposta tu pode tentar descobrir como chegar nela, isso é aprendizado! E dos bons!
Resuminho, ficar grifando no livro/apostila, passando a limpo e por aí vai, para mim nunca adiantou muito. Eu era um cara totalmente auditivo e cognitivo. Precisava ouvir e fazer. E aí que eu volto no assunto ouvir. Meus colegas de cursinho bem sabe se estiverem lendo esse texto que eu era o maior matão (gazeador) de aulas do cursinho. Quer dizer que eu pagava pra não ir? Algumas vezes sim. Sério, não ter saco pra ir na aula e ter que ir só por descargo de consciência é um porre. Muito mais vale tu ficar em casa vendo uma vídeo aula por aí num youtube da vida ou quem sabe exercitando nas apostilas. Nem toda a aula é boa e nem todo professor sabe com exímia destreza e do modo que queremos passar um conteúdo. É claro, que se você tem dificuldade eu aconselho você a ir nas aulas, como eu fazia com português e filosofia. Agora algumas aulas de Física, Biologia e História, que sempre foram o meu forte, eu nem me dava ao luxo de assistir. Inglês? Man, don’t talk mad shit. Priorize seu tempo. O tempo de alguns meses para uma preparação é pouco, você deve saber usá-lo. Claro que deve estudar tudo, mas dê ênfase nas suas dificuldades e reforce os seus pontos fortes.
Aula dada é aula estudada? Até por aí. Claro que o ideal é ir pra aula sabendo que nela será falada, mas não sinceramente estudar logo depois. Nosso cérebro, e quem diz isso não sou eu é a ciência (OH!), tem certo tempo para aprender e levar a nossa memória o conhecimento adquirido e fadigá-lo nesse processo não pode ocorrer. Então, vamos dar tempo ao tempo moçada. Ir com calma, easy. Mas isso sou eu é claro.
Ah, acho que sobre redação eu tenho uma dica especial: Não sejam umas mulas alienadas no mundo, saibam o que acontece. Também não é pra ficar comprando Guia Atualidades todo o mês (o que eu nunca fiz por achar estúpido), mas trocar a página inicial do Facebook pela do G1 é uma coisa bem legal. Saibam o que ocorre no mundo, leiam, explorem, formem opiniões e sejam polêmicos. Metam pau no mundo que a sua voz será forte e isso vale pra caramba numa redação.
Onde é que eu tava mesmo? Ah é… acho que eu posso falar sobre uns percalços que eu tive durante o ano, que poderiam ter me jogado pra fora do páreo, mas eu tive que aprender a ter uma qualidade fundamental para contornar: Resiliência.
O que diabos é resiliência? Rá! É mais um conceito de Engenharia (olha a maldita aqui de novo) que a Psicologia pegou para si e fez uma gambiarra. Em poucas palavras: Resiliência é a propriedade que certos materiais tem de sofrerem tensões e ação de forças sem ganharem danos e deformações permanentes. Ou seja, é a habilidade que tu tem de ganhar porrada da vida sem enlouquecer. Mas tio, por que é importante ser resiliente?
Olha, a vida é uma vadia sem alma. É. Vadia sem alma. Ela não vai cansar de te dar porrada de todos os lados, não vai mesmo. Não é atoa que os casos de depressão vem aumentando exponencialmente nos últimos anos, principalmente entre os jovens. As pressões sociais que a nossa geração e as futuras irão sofrer é demasiada e precoce. Os nossos pais nos impõe cobranças, a sociedade nos impõe cobranças, o governo nos impõe cobranças, mas infelizmente e o pior: NÓS NOS IMPOMOS COBRANÇAS. Aquele velho clichê de que somos os nossos piores inimigos é a maior verdade dentro do paradigma de porque somos tristes. Uma vez eu divaguei numa postagem durante a madrugada no PM, pois estava sem sono, sobre isso. O porquê nos cobramos tanto. Nunca está bom. A comida nunca está do gosto que queremos. Nunca ficou tão bom quanto gostaríamos. E isso num estudante que almeja medicina é ainda mais evidente, pois para nós a ideia de perfeição é necessária se quisermos passar. Só que isso tá errado cara, tá muito errado. Ninguém consegue a perfeição. Foi mal, isso só existe em problemas ideias da física e por isso é bonitinha assim. Quanto mais conseguimos, mais quero e mais buscaremos, nunca nos contentaremos ‘com o pouco que somos e conseguimos ser’. É um saco isso eu sei, mas a gente tem que aprender aos pouquinhos de que a gente é ótimo no que faz da nossa maneira, que podemos sim melhorar, mas não precisamos colocar como busca e objetivo de vida sermos os melhores. Cara, olha só que discussão filosófica no meio de um texto que deveria ser meu depoimento e já está longo pra dedéu. Bom, eu já falei e tô quase perdendo o foco, mas como frisei: aprender a ter resiliência é importantíssimo, não só par o vestibular, mas para a vida.
Voltando. Em julho eu fiquei doente o mês inteiro. Mas não foi simplesmente doente. Foram duas infecções das amígdalas e 4 benzetacils (quem não sabe joga no Google pra saber o que é essa delícia) em 30 dias. Sério. Vocês imaginam o que é estudar num frio de quebrar o pé com a garganta estufada? Ah e tem mais. Depois que eu me curei disso, na semana seguinte encravei a unha. Só que não era o suficiente. Nunca tinha encravado a unha na vida, então nem sabia o que de fato era aquilo, achei que era uma simples dor no pé, daí o inteligente aqui resolveu jogar bola. Bom, resultado: tive que passar o mês inteiro de agosto indo numa podóloga fazer curativo por causa do pé. Mas, isso não é tudo, achavam que tava no fim? Uma semana antes do vestibular da UFSM, estava eu na rua de noite, andando tranquilamente quando de repente sou abordado por dois elementos, um deles com um revólver 38 prata e o outro com uma pose de marra, e sou rendido e me falam: Passa tudo ou tu leva um tiro playboy. Se eu tivesse com a merda no intestino ela tinha saído e eles tinham levado ela junto. Saldo desse passeio noturno idiota: minha carteirinha com todos meus documentos e meu telefone(que eu ainda tô pagando, diga-se de passagem). Imaginem, perder os documentos uma semana antes do vestibular. Pensem no nível de estresse que eu me encontrava. É, mas o que eu tive que fazer? TIVE QUE VIRAR HOMEM PORRA. Nem tudo estava perdido, minha vida, minha preparação, meu ânus e todo o resto estavam intactos. Eu precisava de algum modo colocar as coisas nos eixos, pois naquela semana iria enfrentar o cão que o diabo soltou. Foi difícil, mas com a ajuda de amigos, familiares, da minha namorada, dos professores, mas sobretudo da minha vontade de ir em frente, eu consegui. Fui lá e fiz a prova naquela mesma semana.
Ah então, difícil né. Eu sempre fui e ainda continuo sendo ansioso. Mesmo. Mas ansioso de não dormir e sentir o coração disparando e pulsando acelerado em situações de estresse e pressão. E com os vestibulares nunca era diferente. Dormia e comia mal, vomitava, ficava enjoado, por aí vai. Eram sintomas recorrentes nos dias que antecediam as provas. Do que isso adiantava? Nada, ou adiantava para os meus concorrentes né. Sabe o que o meu sonho sempre foi entrar numa sala de vestibular e pegar e começar a dar risada em voz alta, falar que a prova tá fácil e chamar o fiscal e perguntar quando vão terminar com a pegadinha e dar a prova de verdade. É, acho que todo mundo pensa nisso, mas na prática a gente sabe que é bem diferente. O psicológico no vestibular é testado desde o momento que o fiscal, que normalmente é alguém que tá ali querendo só te ferrar, fica fazendo um cara-crachá muito idiota contigo e a tua identidade, ou como no meu caso com meu boletim de ocorrência e carteira de trabalho. Só aí tu já começa a ficar estressado. Bom, daí tu entra na sala, procura o “menos pior” dos lugares, porque convenhamos que não há lugar bom pra fazer aquela maldita prova. Dai senta, olha para todos. Vê fulaninho do lado com camiseta do cursinho X, siclano do lado com cursinho Y e tu ali, com a bunda dando bote na beirada e se perguntando o que tá fazendo ali. Dai o fiscal entra, pega o malote das provas e diz: Ó PESSOAL, COMO PODEM VER TÁ LACRADO. Ah jura? Achei que não. Daí começa a distribuir as provas e avisa: SÓ COMECEM QUANDO EU MANDAR. Tá bom filho, senta lá. Aí, pega e começa a ler uma série de instruções, quando de repente lá no meio ele diz: AH E VIU NÃO PODE COLAR. Não, não mesmo. “Não pode se”. MUITO OBRIGADO PELO AVISO! Só nisso, tu já tá num puta nervoso, que nem se lembra mais que levou 5 canetas pretas, uma lancheira do Ben 10 carregada de comida que tu nem vai tocar, que as tuas mãos já suaram mais que um minerador em dia de sol. É muito estresse. E esse estresse sempre me deixou ansioso, e aí que tá. Nervosismo com estresse leva ao erro. E tu não pode dar ao luxo de perder uma questão que todos vão acertar por desatenção e erro por estresse. A gente fica muito puto quando isso acontece, eu sei, já aconteceu comigo e não foi só uma vez.
Eu fui muito nervoso pro vestibular da UFSM, o que refletiu no meu desempenho não ter sido tão bom. Já quando eu fui fazer UFSC… bom, vamos contar essa história direito.
Primeiramente, não tô aqui pra fazer propaganda e cuspir no prato da UFSM ou de qualquer outra faculdade puxando o saco da UFSC. A UFSM sempre foi e ainda continua sendo o sonho que eu tenho. Recapitulando… Havia passado 3 dias já do vestibular da UFSM e o da UFSC seria naquele final de semana. Eu já havia pago a taxa de inscrição, mas ainda não tinha nenhum documento, mesmo um catador de lixo tendo me ligado (sempre deixei um telefone escrito dentro da carteira) informando que havia encontrado a carteira. Enfim. Eu estava totalmente desmotivado. Sem dinheiro e sem ter como conseguir, porque nem cartão de banco eu tinha pra poder pedir pra casa. Desmotivado, pois sabia que não havia ido tão bem na UFSM; sem vontade, porque nunca me imaginei passando na UFSC e nem esperava passar num vestibular mais difícil que a UFSM, o que de fato a UFSC é e vocês que não concordam to nem aí. Eu não queria mesmo fazer, estava sem vontade, sem grana e impossibilitado por n fatores. Mas então, comecei a ganhar apoio de todos os lados. Dois amigos meus muito próximos me botaram muita pressão pra ir fazer a UFSC, falaram que eu deveria, que pelo menos eu deveria tentar, se não desse, bom, pelo menos tava na praia. Mas a minha namorada, foi fundamental nisso. Ela me disse pra ir, pois achava que eu deveria, já que não tinha nada a perder. E eu sempre ouvi ela, sempre. Mas como ir sem grana, sem ter onde ficar, sem ter como ir? Vish. Bom liguei para uns amigos que estudam na UFSC e pedi poso na casa deles, consegui. O problema era como ir. Santa Maria e Florianópolis ficam quase 800km de distância, então passagem de ônibus é algo caro e complicado. Eu já havia deixado o meu nome numa lista para uma excursão de gente que faria o vestibular lá, só que eu não tinha grana pra pagar, porque eu tava sem dinheiro e cartão de banco. Bom, eu liguei pra empresa, a Schumacher Tur (eu falo o nome porque ela sim merece ser conhecida!) e eles foram super gente boa comigo e me informaram que eu poderia pagar a excursão depois sem problema algum. Então, todos os problemas resolvidos, me larguei pra Floripa. Fui dois dias antes, pois metade de um dia era gasto viajando. Cheguei lá no dia anterior ao da prova, pude aproveita o dia pra descansar, conhecer o campus e o local de prova onde eu não conhecia, e de noite desfrutar do popular “Meu Escritório” que todo aluno ufscano conhece bem. Bom, a prova era dividida em três dias e eu não vou me ater em como é a prova da UFSC, até porque quem quer fazer sabe que ela é bem diferente das demais com aquelas questões somatórias. Deixando o devaneio pra lá… Todos os dias antes da prova eu bebia uma e duas, ia para prova de a pé, pois meus amigos moravam perto da UFSC, de chinelo, só com estojo, comia clandestinamente no RU da UFSC e no último dia antes da prova (elas eram de tarde), passei a manhã na Praia Mole. Moral da história? O terceiro dia foi o que eu fui melhor.
Notaram a diferença? Eu fiz a prova sem estresse, sem preocupação e sem pressão de ansiedade nenhuma. A ponto de ir até pra praia. O reflexo foi grande. Passei e cá estou. Então, tô falando isso não pra me engrandecer e aumentar meu ego, mas para mostrar a você que a calma e o escanteio dessas emoções perigosas são muito necessárias para que consiga o teu objetivo. Eu consegui, mesmo que sem querer, ficar longe do estresse que poderia ter sido a prova, não só por ela, mas por todas as situações adversas que ela tinha.
Mas eu não deixaria de ser ansioso por um bom tempo…
Saiu resultado da UFSM, não passei; Fiz o vestibular da UFRGS e saiu o resultado, mais uma decepção. Mas e a UFSC cadê? Bom, a UFSC deu um probleminha com o Ministério Público de Santa Catarina e foi adiando o resultado. Só que eles foram muito ‘cuzões’. Eles liberaram, preliminarmente, o teu desempenho no dia 8 de janeiro, dando então prazo pra ti entrar com recursos nas questões caso desejasse, mas não definiram um dia pra divulgar o resultado, apenas deram uma previsão para começo de fevereiro. Peraí?! Como assim?! É, eles foram uns grandessíssimos filhos da puta. No dia 8 de janeiro eu já sabia a minha nota, graças a uma amiga do PM que veio me falar que ela tinha saído. Ah eu esqueci de falar: não corrigi a UFSC! hehe Não contava com a ideia de passar nela, então até meio que havia esquecido sabe… Ṕois é. Enfim, daí eu pensei: Bom, vou lá ver esse desempenho. Puta que pariu Joe. Quando eu entrei no site e vi a minha nota, mesmo sem saber o que ela significava, eu estranhei o valor dela. Comecei a buscar e ir atrás de tudo quanto é nego entendido do vestibular da UFSC pra ter uma ideia do que realmente significava a minha nota. E PRA MINHA SURPRESA, EU OUVI DE TODOS: Tu já passou, só esperar… … … Você nunca, mas nunca mesmo, fala para um cara ansioso um resultado antes de ter como prová-lo. NUNCA. Cara, imagine o meu nervosismo. O resultado da UFSC saiu no dia 27 de janeiro. Eu fiquei do dia 8 até o 27, sabendo a minha nota, só esperando a maldita lista. Foram os piores 19 dias da minha vida no quesito ansiedade. Eu não conseguia dormir cedo e não conseguia acordar tarde. Viciei no F5 na página do vestibular e ficava o dia todo na frente do PC, a ponto da minha namorada começar a me odiar por isso hahaha Mas saiu. Ah saiu.
No começo eu não acreditei. Fiquei até os 49 do segundo tempo esperando pelo último resultado que me restava e ali se encontrava a minha vaga, o meu nome, a minha aprovação. A gente não acredita, chora sem acredita e para de chora e ri e ainda não consegue mesmo assim acreditar que é o nome da gente que tá ali. Demora pra cai a ficha.
Não dava pra acreditar mesmo que eu tinha passado. Foi dias pra eu realmente ver que tinha conseguido. Vocês acham que é zuera? Pensem como é acordar do melhor sonho de vocês e verem que não é sonho. É o melhor comparativo que eu consigo.
plinioEu havia passado, numa federal, mesmo que longe de casa, num lugar onde não era meu foco e meu objetivo maior, mas ainda assim, havia passado num dos vestibulares mais concorridos do país, na oitava melhor faculdade de medicina do país e a única do estado de Santa Catarina! A MELHOR DO SUL DO MUNDO! Caramba! Difícil mesmo de acreditar.
Foi uma luta muito louca. Ainda tá difícil de acreditar, confesso.
Bom, acho que esse texto deveria tá acabando, até porque se você leu até aqui, se ainda não dormiu deve estar quase.
O que eu tenho pra falar? Considerações finais?
Não desistam. Não desistam. E não desistam. Nunca. Idiota falar, mas só não entra quem desiste. Se é o sonho de vocês, não só a medicina, mas qualquer outro curso, não desistam, não busquem atalhos rápidos, não desanimem, chorem, mas não deixem de tentar. É a vida de vocês, não a de mais ninguém. Só você pode escolher o próprio caminho, rumos e decisões, porque isso vai afetar sobretudo a sua vida. Não podemos dispersar nossa curta duração nesse planeta não fazendo o que queremos ou fazendo o que os outros querem para nós. Devemos usufrui o máximo de nós mesmos. Aprender a ser resiliente. Ser forte. Se superar, se reinventar, quebrar com o passado, mudar paradigmas e estar sempre indo em busca de nosso sonhos, pois sem eles não somos nada. Somos crianças sem infância, somos adultos frustrados, somos jovens desgarrados da realidade, somos um futuro bem do pretérito.
Nunca desistam. Por mim, pelos seus pais, avós, amigos, mas sobretudo pelo seu sonho, por você. A vida é uma só, não deixe de aproveitar o seu momento e busque sempre o que você quer. Você pode, você consegue; eu consegui, é possível. Tenham isso em mente. Amem de corpo e alma as suas escolhas e sejam felizes. Ah, e leiam a Estratégia da Lagartixa. É sério.
“Beijos de luz” do amigo de todo sempre, Plínio  Oliveira

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